Pensando que conhece o DISC? Uma nova perspectiva sobre essa ferramenta poderosa
DISC – ferramenta eficaz
O assessment DISC é uma ferramenta que dispensa apresentações. Antiga e amplamente utilizada no meio corporativo — especialmente em multinacionais —, ela mede comportamento e estilos de comunicação. Criada a partir dos estudos de William Moulton Marston em 1928, a teoria DISC propôs que as pessoas expressam emoções e se comportam em quatro fatores principais: Dominância (D), Influência (I), Estabilidade (S) e Conformidade ©. Embora Marston nunca tenha desenvolvido um assessment formal, suas ideias serviram de base para instrumentos que surgiram décadas depois.
Até alguns anos atrás, o DISC era considerado uma das ferramentas mais acessíveis e confiáveis, justamente por possuir apenas quatro elementos, facilitando a compreensão e aplicação. Ele continua amplamente utilizado em processos seletivos e programas de desenvolvimento, pelas mesmas razões.
Naturalmente, a ferramenta também recebe críticas. Alguns profissionais a consideram simplista, afirmando que ela enquadra pessoas em "caixinhas", categorizando-as de forma rígida e que, por ser situacional, não garante que o comportamento analisado hoje será o mesmo no futuro. Contudo, é importante lembrar que nenhuma ferramenta de assessment, por mais sofisticada que seja, tem a pretensão de captar a totalidade de quem somos. Como bem colocou Daniel Goleman (1995), em seu clássico Inteligência Emocional, “o ser humano é complexo e multifacetado”, e nenhuma ferramenta isolada pode abarcar essa riqueza.
Na minha experiência, após mais de 20 anos utilizando o DISC em processos seletivos, treinamentos e programas de desenvolvimento, percebi que sua eficácia concreta não está apenas no mapeamento comportamental individual, mas no poder que a ferramenta tem de estimular o diálogo, promover o respeito às diferenças e facilitar a convivência. É exatamente aí que muitos críticos perdem a oportunidade de enxergar seu valor.
Sim, o DISC didaticamente rotula — e isso, no ambiente corporativo, pode ser extremamente útil. Não estamos ali para estabelecer conexões profundas ou terapêuticas, apesar de, por vezes, elas surgirem. No trabalho, estamos para gerar resultados, cumprir metas e entregar o que prometemos aos clientes. E para que isso ocorra, é essencial compreender minimamente como cada colega funciona, como reage sob pressão, como prefere se comunicar, como lida com mudanças e desafios. Afinal, é no ambiente de trabalho que, estamos a maior parte do tempo.
A grande virtude do DISC está naquilo que muitos consideram sua limitação: a simplicidade. Em um ambiente de trabalho, onde convivemos com pessoas de diferentes perfis, origens e histórias, uma ferramenta de fácil compreensão permite que todos se reconheçam e reconheçam o outro, sem a necessidade de mergulhos profundos em análises complexas. “O DISC é um pré-requisito para entender quem somos e, mais importante, para perceber como os outros nos veem.” (Manual definitivo DISC)
Em processos de mapeamento de clima e engajamento, já presenciei situações em que, mesmo com fatores como equilíbrio entre vida pessoal e profissional ou processos internos abaixo da média, o clima organizacional se mantinha positivo e as relações interpessoais fortalecidas. Isso, em boa parte, em função de programas de autoconhecimento e integração baseados no DISC, que ajudaram as pessoas a identificarem suas tendências naturais de comportamento e as dos colegas, estabelecendo uma convivência mais empática e colaborativa.
A simplicidade do DISC permite que as pessoas guardem rapidamente os conceitos, reconheçam comportamentos no dia a dia e ajustem suas interações, mesmo sem ter
o relatório do assessment em mãos. É essa aplicabilidade instantânea e prática que torna
o DISC tão poderoso em contextos corporativos, onde as relações são múltiplas, dinâmicas e, muitas vezes, tensas.
Como destaca Marshall Goldsmith em O Efeito Gatilho (2015), "o sucesso no ambiente corporativo depende muito menos de quem você é e muito mais de como você se comporta nas situações cotidianas". E o DISC oferece justamente esse mapa comportamental básico, que permite navegar melhor nas interações profissionais.
Vale ressaltar que nenhuma ferramenta deve ser utilizada de forma isolada, como se fosse a única resposta para avaliação do ser humano. O ser humano continuará sendo um mistério em muitos aspectos. E como bem disse o próprio Marston, “as emoções humanas são mais poderosas do que qualquer lógica”. Ferramentas como o DISC, quando utilizadas com ética, cuidado e responsabilidade, são apoiadoras do processo de convivência e gestão de pessoas, e não verdades absolutas.
Portanto, quando falamos de DISC, não se trata de eleger a melhor ferramenta do mundo. Mas sim de reconhecer que, para os propósitos de integração, comunicação, respeito às diferenças e convivência no ambiente corporativo, poucas ferramentas são tão eficazes quanto o DISC.
Sua facilidade de compreensão, análise objetiva e maneira descomplicada de gerar reflexão e conversa permitem que pessoas compartilhem um pouco de si mesmas com os outros, sem ameaça. E isso, no mundo corporativo atual — onde engajamento, colaboração e comunicação são tão exigidos — faz toda a diferença.
Referências bibliográficas citadas no artigo:· Marston, W. M. (1928). Emotions of Normal People.
· Goleman, D. (1995). Emotional Intelligence.
· Goldsmith, M. (2017). O Efeito Gatilho.
· Bonnstetter, Bill J. (2020). Manual Definitivo DISC
https://www.linkedin.com/in/silvana-faria/
Psicóloga | Empresária | Consultora de RH | Coach e Mentora de Carreira e Gestão | Facilitadora em treinamentos comportamentais
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